Carlos Frederick vem se despontando como um dos melhores advogados atuantes no Estado de Mato Grosso. Ele salienta que seu reconhecimento se deve aos inúmeros trabalhos prestados à sociedade. Em seu extenso curriculo, podemos destacar a atuação na defesa do Sindicato da Polícia Civil e, mais recentemente, optou por defender o delegado Márcio Pieroni. “O advogado é como um técnico de futebol, só permanece no cenário enquanto consegue obter bons resultados e esse é meu foco”, brinca Frederick.
Confira a entrevista abaixo:
O que a Polícia Civil obteve de ganhos com a última greve?
Carlos Frederick- Analiso essa questão de forma bem clara e não há como deixar de reconhecer a força do presidente do sindicato Cledison Gonçalves. Ele articulou e conseguiu firmar um teto de final de carreira inimaginável para a classe. O governo garantiu que até 2014 o salário final será de R$ 11 mil. Esse acréscimo chega a mais de 100% no salárial final.
Como avalia a postura do judiciário na greve da Polícia Civil?. Vale lembrar que a justiça determinou multas diárias e permitiu retaliações, inclusive o governo ameaçou de retirar as armas e as viaturas caso não retornassem às atividades.
Carlos Frederick-A postura do judiciário foi deprimente nesse caso. Eu entendo que foi antidemocrático, além de afrontar diretamente a jurisprudência do STF, já que a liminar que determinou a volta das atividades da categoria foi de uma teratologia inigualável, que eu jamais presenciei. Pergunto-me como um órgão, abaixo do Supremo, pode dizer que não há um direito à greve? Essas decisões só servem para gerar instabilidade no ordenamento jurídico brasileiro. Foi após essa liminar que o governador ameaçou os policiais.
O senhor criou um blog, onde comenta os principais fatos, inclusive político e judiciário. Porque mantêm essa ferramenta no ar?Carlos Frederick- Eu sempre senti essa necessidade de falar e opinar sobre os desajustes sociais. A internet é uma importante ferramenta para se expressar. Há um ano eu escrevi um artigo, que inclusive ainda está no blog. Nesse texto eu afirmei que o crime de corrupção deveria ser classificado como hediondo. Hoje fico feliz de ver que o senador Pedro Taques levantou essa mesma bandeira e fico honrado por ter consciência que aqui no Estado quem levantou essa ideia fui eu. Tratando a corrupção como hediondo muita coisa pode melhorar no país, só pra se ter uma ideia, a pena para esse tipo de crime é cumprido em regime fechado. Um fato recente que me chocou pela grande impunidade foi o caso da deputada Jaqueline Roriz, isso prova que os parlamentares defendem um ao outro.
Como você avalia o governo Dilma Rousseff e Silval Barbosa?
Carlos Frederick- O governo federal tem me surpreendido positivamente. A presidente tem se portado de maneira firme, diferente do seu antecessor e isso é muito bom para o país. Já o governador do Estado eu até agora não consegui identificar a que ele veio. Não há como analisar o governo dele da posse até hoje, mas temos que analisar do governo Blairo Maggi até os dias atuais. As práticas são as mesmas, os nomes que comandam são os mesmos, a não ser os que se envolveram em escândalos que foram retirados de seus cargos por força da imprensa. Para mim, o atual governo é como um arroz sem sal.
Sobre o VLT, o senhor concorda com a escolha do governador?
Carlos Frederick- Concordo. O primeiro defensor dessa ideia inclusive foi o ex-deputado Bento Porto, que foi meu cliente. É justo que se diga isso. Ele tentou por diversas vezes implantar essa ideia. O BRT polui visualmente a cidade, precisamos enxugar o tráfego e reduzir a poluição na Capital.
Qual seu posicionamento sobre a concessão da Sanecap?
Carlos Frederick- Concordo também com a medida do Executivo, mas lamento que estejam usando essa melhoria para Cuiabá de forma tão politiqueira. Muitas vezes eu já critiquei a postura do prefeito Chico Galindo, mas dessa vez eu sou a favor da concessão da Sanecap. Temos que evoluir e prestar melhores serviços. Quando dizem que a água não é mais nossa eu discordo. Como não é mais nossa? A concessão pode ser rescindida a qualquer momento pelo poder público. Fico triste em ver pessoas fazendo do povo uma massa de manobra e usando essa medida para fins eleitoreiros. Quem está satisfeito com o abastecimento de água em Cuiabá? Tivemos anos de sofrimento e ninguém fez nada. Admiro o prefeito que teve coragem de chegar e dizer que esta era a única solução.
O senhor foi coordenador de campanha do candidato a vereador Cledison Gonçalves no último pleito. Como avalia os pré-candidatos à prefeitura para 2012. Alguns nomes figuram como certos na disputa, como Dorileo Leal, Guilherme Maluf, Mauro Mendes, Lúdio Cabral e Sérgio Ricardo.
Carlos Frederick- Esse cenário é o retrato da realidade que vivemos. Há uma vacância imensa em termos de lideranças em Cuiabá e no Estado. Temos três candidatos, o Dorileo, o Maluf e o Mauro, que na verdade são empresários. Não têm o conceito positivista de líder, que nasce da base e vem sendo moldado. O que mais buscou esse contato com a base é o Sérgio Ricardo, ele seria o franco favorito na minha opinião.
Tem pretensões de disputar a eleição da OAB ou uma eleição para algum cargo eletivo?
Carlos Frederick- Dizer que não, seria mentira. Qualquer advogado quer tem pretensões na carreira, deseja isso, mas agora não pretendo isso não, quem sabe mais para a frente. A política da OAB é muito complicada e estamos bem representados. Quanto a um cargo eletivo, também penso nisso, mas para o futuro. Tenho uma carreira para terminar de construir. Ano que vem tenho um compromisso já firmado com um grande amigo meu. Quero ajudar a eleger o Cledison como vereador, se Deus quiser. Eu não me preocupo tanto com a política enquanto carreira, se eu puder melhorar a vida dos que estão ao meu redor já fico satisfeito. O que me preocupa é ver que o povo está cada vez mais órfão.
Ana Adélia JácomoEstação Política
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