Os problemas no setor da Saúde matogrosense estão tão graves que repercutiram nacionalmente. Uma equipe da rede de televisão Globo veio à Cuiabá nesta sexta (21) para ver de perto o caos.
Ocorre que os pronto socorros da Capital e de Várzea Grande trabalham acima de suas capacidades, sem investimentos, os hospitais estão superlotados e com os equipamentos sucateados.
Para agravar a situação uma forte chuva fez com que parte do teto de gesso do hospital de Cuiabá desabasse, suspendendo os atendimentos de urgência e emergência.
Com isso, o único Pronto Socorro que permaneceu atendendo a demanda de mais de 1 milhão de habitantes foi o de Várzea Grande, já conhecido por suas deficiências. Além dele, as policlínicas, postos de Saúde e o Hospital Metroplitano, que trata pacientes com traumas, caso não sejam de urgência e emergência.
Como uma bomba-relógio, já era previsto o lapso nos atendimentos. Pessoas espalhadas pelos corredores, enfermarias superlotadas, falta de médicos, equipamentos, remédios e infraestrutura fizeram com que o juiz Jone Gatass, da 2ª Vara Especializada de Fazenda Pública de Várzea Grande, determinasse que os pacientes não fossem mais encaminhados ao local.
A medida causou um verdadeiro pânico. Contudo, o secretário de Saúde Pedro Henry e o governador do Estado Silval Barbosa (PMDB) teriam exigido do secretário de Saúde municipal Lamartine Godoy a reabertura do Pronto Socorro de Cuiabá. O prazo é que até a noite desta sexta (21) as atividades voltem ao normal, após uma semana fechado.
No entanto, as obras no telhado do hospital deverão ser finalizadas apenas em 30 dias. Uma equipe do JN no Ar, quadro itinerante do Jornal Nacional, esteve nos hospitais e denunciaram o descaso com a Saúde Pública de Mato Grosso. Fizeram uma visita surpresa no pronto socorro de Várzea Grande por volta da meia noite de sexta e constaram os pacientes deitados no chão, sem atendimento básico por falta de material esterelizado.
Para Pedro Henry a única alternativa seria transferir a gerências dos centros de saúde para uma Organização Social de Saúde (OSS), que se trata de uma parceria público-privada. Para ele, a visita do canal nacional de televisão é bom para o Estado, já que não se sente culpado pelas mazelas do setor. “Não sinto vergonha de ver a Globo aqui falando da Saúde. Quem sabe assim aceitam as OSS”, rebate o secretário.
O quadro caótico do Pronto Socorro de Várzea Grande sensibilizou até mesmo o repórter da TV Globo Paulo Roberto Soares. Ele disse dentre todos os Estados que visitou, Mato Grosso é o que tem a situação mais agravada. “Vocês estão vivendo um problema ainda pior, porque é no atendimento de emergência, que é diretamente ligado à vida”, disse o jornalista.
Ana Adélia Jácomo